sexta-feira, junho 29, 2007

Queria ter uma luminária no meu quarto.

Ou um acendedor/apagador de luz bem na cabeceira da minha cama, feito a minha mãe. Acho tão genial essa invenção. Mais incrível ainda é que na cozinha da casa dela, que é minha casa provisoriamente, você entra e acende a luz do lado de cá, sai e apaga a luz do lado de lá. É claro que eu faço isso muitas vezes. Só porque acho feliz. Mas, retomando o pensamento, se tivesse uma luminária ou um acendedor/apagador de luz na cabeceira da minha cama, ia poder ficar lendo até começar a embaralhar as letras ou confundir os meus sonhos com escritos dos outros. Como não tenho, quando acho que já tô com bem muito sono, páro, levanto e vou lá apagar a luz. Acontece que às vezes me engano. E o sono nem é assim tão grande. Volto pra cama e o pensamento não me deixa dormir nem a pau. É o que geralmente acontece. O jeito é levantar de novo e acender a luz, porque no escuro os pensamentos proliferam em maior velocidade. E de luz acesa, não durmo. Acho que é por isso que lá na outra casa, que era minha, só conseguia dormir quando ouvia o barulhinho de chave na porta e sabia que não tava mais sozinha. Aí, apagava todas as luzes e aquietava o coração. Sono sem sonhos, nem sobressaltos. Sinto falta disso. Sinto falta de um monte de coisas. Puxa vida... Passei horas e horas pensando nisso ontem antes de dormir. Na luminária, no acendedor/apagador de luz, no claro, no escuro, no que não quero mais, no que quero pra sempre, no que preciso de novo. Isso entre uma página e outra de um livro desses de medo, que eu gosto, sabe?

quarta-feira, junho 27, 2007

Das coisas que levo comigo.

6 fotos 3 x 4. Sendo: três de uma pessoa, duas de outra e a sexta de uma terceira pessoa. Uma foto em preto e branco do meu pai muito pequeno, em Arcoverde. Outra, de Camila em Bogotá, com farda quentinha de escola em cidade fria. Três bilhetes. Um deles, escrito no guardanapo durante um vôo do Rio de Janeiro pra Brasília no dia do meu aniversário. O credo digitado por ela, quando descobriu que eu não sabia rezar. A oração e a imagem de São Jorge, guardada em papel de presente. Dois adesivinhos daquelas máquinas do Playstation, com sorrisos felizes, que já estão desbotando de tão antigos.

“Eu entendo. Mas, não aceito”.

Ouvi isso assim, em plena noite de Natal. E foi um golpe certeiro bem no peito. O corpo gelou no segundo seguinte. Pensei que vinha uma explicação depois da frase, mas foi só silêncio. Fechei os olhos. Senti meu coração batendo como se fosse explodir e a respiração dele do lado de lá, serena. Nesse momento, soube que ele não ia mudar de idéia. Já tinha me dado todas as chances. Mas, eu sempre esperei que pudesse haver mais uma ali na frente (a gente sempre espera, né?). Enquanto tentava ganhar tempo e decidir o que queria pra mim. Sem imaginar que ele ia decidir antes, o que NÃO queria pra ele.

Não sei porquê lembrei disso hoje. Deve ser a chuva ou esse clima de nostalgia de quarta-feira à tarde. Deve ser porque, nesse exato momento, entendo, mas não aceito um bocado de coisas. A diferença é que não tenho a menor idéia do que fazer a respeito. Na verdade, acho que não posso fazer coisa alguma. Na verdade, SEI que não posso fazer coisa alguma.

Queria ir pra casa. Queria deitar na minha cama e ficar lá. Queria ouvir aquela música feliz no meu celular e esquecer dessa vida de agora, por dois ou três minutos.

segunda-feira, junho 25, 2007

Falta

Sinto falta do cheiro dele.
Respiro ali onde termina a testa e começa o cabelo (podia chamar de têmpora, mas acho essa palavra descombinada do significado) e meu coração fica quietinho, quentinho.
Se fechar os olhos, posso até imaginar.
Mas, gosto de fantasionices pr´essas coisas não.
Ando com muita vontade de realidade e a realidade com ele é doce e macia.
Menos quando ele fica abusado.
Porque aí tenho vontade de morder a barriga dele.
Sou pessoa de passionalidades.
Ele acha graça.
Até agora.

quinta-feira, junho 21, 2007

Da pressa.

Eu tô correndo muito muito porque quero chegar lá amanhã cedo, porque eu sempre quero chegar lá o quanto antes. É uma urgência, sabe? Ando percebendo que quase tudo é. Quase tudo que a gente quer assim de todo coração, alma e pensamento. Feito ele. Feito ficar ali aconchegada no abraço dele. Vezenquando, eu me atrapalho. Posso dizer até que me complico. Mas, tô aprendendo a respirar e desanuviar. É preciso desanuviar, minha gente. Fechar os olhos, encher o peito de ar e expirar todas as coisas chatas e doídas e tristes pra fora e pra longe. Geralmente, são coisinhas, besteirinhas, bichinhos que ficam ali mordendo o juízo da gente até doer. Ô agonia. Meu desejo é matar todos os bichinhos. To-dos. Mas, eles procriam que é uma beleza. Desocupados, né? Só o que podem fazer é se multiplicar infinitamente. Só o que a gente pode fazer é abstrair infinitamente. E correr muito muito pra chegar lá amanhã cedo.

A impressão que eu tenho é de que a gente não sabe pra onde tá indo.

Escolhe uma fé: em Deus, no Amor, na Arte, no Dinheiro, na Família... E vai. Sem ter a menor idéia do caminho certo. Sem nem saber se existe um caminho certo. A gente tá perdido. E esse não é um pensamento triste ou pessimista. É só uma constatação. Sinto que a gente tá sempre tentando encontrar um não sei o quê, que sempre falta. E quando encontra esse não sei o quê que tava faltando, começa a procurar uma outra coisa. E é esse desejo que movimenta o mundo. A gente é feito de um monte de vazios que precisam ser ocupados pra que outros vazios possam surgir.

quinta-feira, junho 07, 2007

Das distâncias.

Acho que o edredom azul, mesmo com aquelas flores coloridas, se sente muito solitário longe da cama branca, que seria seu par por dias e noites, mas que acabou nunca conhecendo.

A curiosidade dela parecia fome.

A curiosidade dela parecia fome. Fazia doer o estômago e atormentava o juízo. Por isso, gostava tanto de deitar a cabeça no colo dele e ouvir teorias mais infundadas. Se alimentava das palavras e do silêncio entre elas. Às vezes se distraia com uma idéia, que invadia o pensamento e levava a atenção pra outras bandas. Então, ele se calava. Ficava admirando os olhos dela, perdidos em mares por ele nunca navegados. Será que um dia chegaria lá? Será que alcançaria o centro daquele universo? Temendo que não, beijava a boca entreaberta da menina que borboleteava sem tocar o que havia de mais profundo dentro de si mesma. Ela ria e inspirava o ar do momento. Não queria se perder do presente, mas cansava, facilmente, de tanta realidade.

sexta-feira, junho 01, 2007

856 passos.

Contados. Dou voltas em meu próprio eixo. Multiplico pensamentos, entre quatro paredes. Volume ao máximo e todas as músicas gritam o seu nome. Os meus CD´s não são mais possíveis, nem os meus livros, nem os meus filmes, nem os meus dias. Tudo é tão cheio da sua presença, que não sobra mais nada. Só um vazio tão profundo, que podia cair eternamente, sem chegar nunca a lugar nenhum.