E eu precisava escrever uma carta. Daquelas com letras urgentes, cheias de tanto pra dizer. Mas, as palavras, você sabe, as palavras não obedecem ao pensamento. Têm vida própria. Fogem, brincam de esconder. Fiquei ali, papel azul em branco. Horas seguidas. Começando, sem terminar. Começando, infinitamente. Nada fazia sentido. Porque não fazia sentido o que queria te dizer. Não fazia sentido nem, tentar, te dizer. Cansada. Comecei um traço meio torto que terminou nele mesmo e agora tenho um coração azul pra te dar. Acho que assim você entende.