segunda-feira, junho 27, 2005

Presença

Acordei e você tava aqui. Na minha cama. Na minha casa. Ficou me olhando, enquanto eu tomava banho, trocava de roupa, tomava café e saia apressada. Depois, apareceu bem na hora da reunião. Como é que não percebi quando você entrou? Como é que as pessoas continuaram agindo normalmente com alguém estranho por perto? Ninguém fez nada, ninguém disse nada. Nem nessa hora, nem quando você surgiu no meio de um anúncio que o chefe cobrava aos berros. Eu tentei disfarçar. Juro que tentei. Escondi você no meio das minhas palavras. Mas, você escapou e invadiu os e-mails que escrevi, os recados que deixei, os telefonemas que fiz. Assustada, voltei pra casa. E foi você quem abriu a porta. Assim, como as janelas. Todas. Passeou pela noite. Rabiscou seu nome no meu livro de cabeceira. Sem saída, murmurei um samba como se fosse uma prece e, de olhos fechados, vi você dançar.