segunda-feira, setembro 24, 2007

Tem esse aperto no peito e uma quase-angústia.

Das coisas sem nome, que eu podia chamar de. Mas é melhor não. Porque quando a gente enfeita o sentimento com letras, ele ganha uma concretude que é pra nunca mais. E eu tenho medo do que é pra nunca mais.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Prestenção.

Quem nasceu pra manjericão, vira rosa é nunca nessa vida.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Dia desses

Me peguei pensando se era mesmo bonito assim, grande assim. Porque aquela parte que não adultece é muito dada à fantasia. E enquanto pareço distraída no café da manhã, mato dragões, salvo princesas e espero o meu príncipe encantado. Vivo lá e cá. Às vezes mais lá, que cá. Escapei tantas vezes da realidade, que a imaginação virou segunda casa. Poderia morar lá. Mas, não quero. Me concentro nas paredes e no chão, nos pés e nas mãos. E tento com muita, muita força, não sair voando por aí. Aí, numa dessas idas e vindas, me deu medo de que não fosse mesmo necessário assim, precioso assim. Porque o meu desejo é que seja tão, que seja tanto.

E o que se quer, é o que é.

Eu disse pra ele que era saudade, Cristina.

Eu sempre digo pra ele que é saudade. Falei tantas vezes que já tava acreditando. Tive que passar por essa noite mal-dormida e acordar com a chuva no meu rosto, pra entender que não era. Esqueci a janela aberta, Cristina. Eu sei que tava nublado, mas preciso deixar as janelas abertas. Pois então. Acordei sentindo frio, fechei tudo, ainda fui lá no outro quarto ver se tava todo mundo dormindo e voltei pra cama. Quando deitei, tava tudo claro aqui dentro. De um jeito que eu tava já desacostumada. Porque é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Mas, tanta. Esse ano tá sendo tão cheio de novidade, né? Às vezes, penso que não vou dar conta. Mas, vou. Porque não tem outro jeito. A gente sempre dá conta, né, Cristina? Reclama, reclama, mas segue em frente. Minha mãe diz que Deus dá o frio conforme o cobertor. Vai ver, é isso mesmo. Sabe que eu queria? Que as coisas deixassem de acontecer um pouquinho, só pr´eu respirar. Era bom, nera, Cristina? Aff... E sabe o que é mais engraçado? Há uns dois anos atrás, resolvi que era hora de mudar tudo porque minha vida tava muito parada. Vá entender, Cristina, vá entender.

terça-feira, setembro 11, 2007

Eu te escreveria uma carta, se pudesse.

Mas, esqueci como se faz. Te contei que a minha mão dói quando escrevo? Em compensação, digito sem olhar pro teclado. Quando descobri essa nova habilidade, fiquei muito contente. Foram dias e dias de tentativa, erro e acerto. E ria sozinha na frente do computador a cada frase terminada. Mas, voltando a tua carta, não sei mais escrever. O calo no meu dedo, agora é só lembrança da infância de caneta e papel. A minha letra vai ficando mais feia e ilegível a cada linha. Penso que é porque escrevo pra dentro, afinal. Pra mim. O que é uma pena. Porque tenho tanta coisa pra dizer pra tanta gente. Acho que se conseguisse te escrever uma carta, poderia te mostrar o que acontece lá dentro. No que chamam de alma, mas que não nomeio. Porque sinto que tu, entre todas as pessoas do mundo, me entenderia. Só não entendo porquê logo tu, entre todas as pessoas do mundo.

terça-feira, setembro 04, 2007

Do que nunca muda.

E ela também tinha cachos no cabelo e um ar de vocêpramiméinsignificante. Caminhava em minha direção e o meu coração tiquetaqueava no mesmo ritmo. Era mais velha, mais baixa e mais gorda, que aquela outra menina. E eu não sentia amor por ela. Mas, me assustei ao perceber aquele mesmo olhar de dois anos atrás, preso no rosto de uma outra pessoa. Parecia roubado. Encenado. E nem era. Porque é dessas coisas involuntárias. Fico imaginando se ela se deu conta de que era tão óbvia a confusão de sentimentos por trás do sorriso indiferente. Porque me irrita saber que os meus pensamentos desfilam livres enquanto tento guardá-los desesperadamente só pra mim. Numa caixa, numa bolha, atrás da pele. Senti pena. Quis dizer que não precisava. Porque queria muito que alguém tivesse me dito que não precisava. Mas, ia parecer provocação. E eu não quero ser aquela pessoa que espeta alfinetes em seu coração. Nem no dela. Nem no de ninguém mais. Porque sei o quanto pode doer. Fingi que nem percebi todo aquele baile de máscaras. E também devo ter dançado a noite inteira com a minha.

(Foi isso e só. Nem mais. Nem menos)

segunda-feira, setembro 03, 2007

Eu preciso

Ter menos medo, mais fé e uma margarida na varanda.
Aprender a respirar e parar de me autosabotar.
Aquietar meu coração que tiquetaqueia acelerado, assustado e confuso.
Deixar de viver como se tivesse um machado bem em cima da minha cabeça, prestes a cair e acabar com tudo a qualquer momento.
Ou, esquecer que ele está lá.

Também preciso deixar meu cabelo de uma cor só.
Porque é difícil ser loira, ruiva e morena ao mesmo tempo.

Boa segunda-feira pra vocês também.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Hoje

Acordei de verdade e a verdade é que eu não tô sonhando.
Isso é mesmo o que chamam de vida.
E tá acontecendo pra valer.
Dá pra gente se distrair olhando pro lado de lá não.
Não vale a pena e nem é bonito de se ver.
Parece que volto pro meu lugar, mesmo longe de casa.
Um lugar que é meu por direito e que elejo novamente todos os dias.
Coração tiquetaqueia num compasso mais tranquilo e quase danço.
Um alívio danado.
Porque pisei em ovos e machuquei os pés.
Mas, agora chega.
É tempo de decantar e separar o que serve do que não.
Paciência, coragem e fé.

Cada um vê com o olho que tem, aquilo que pode, o que lhe convém.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Quarta-feira

São uns dias de aprender novos "não poder" e "ter que".
Vezenquando, nem parecem assim tão graves...
Principalmente, quando acordo e sinto o cheiro bom do cabelo dele.
Depois, vejo os meus e-mails e tem mensagem bonita de meu pai dizendo pra ter fé e força.
Pois tá certo.
.
Sempre fui até onde não dava pé, sem medo de me afogar.
Continuo sabendo nadar.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Quase tanto faz

Parece que o tempo do ter que, acabou.
Podia falar do momento difícil e das complicações todas, mas sempre é um momento difícil com as complicações todas.
Em maior ou menor grau.
Pra ilustrar, nums escala de gravidade de 0 a 10, tô ali pelo 6.
Sobreviverei, é fato.
Portanto, não é isso.
É outra coisa que nasceu depois de uma conversa séria, que me deixou triste até a manhã seguinte.
Tentando ordenar a bagunça que as palavras fizeram aqui dentro.
E foi ali, exatamente ali, naquele dia, tarde da noite, que alguma coisa muito bonita e delicada se quebrou.
E soltei um pouco a mão e desviei um pouco o olhar.
Aí, no meio disso tudo médicos, exames e uma correria medonha porque as tais férias começam segunda e tenho montes de coisas pra fazer pra poder não fazer nada e passar dias felizes e bucólicos lá naquele outro país.
Um intervalo entre essa vida de agora e a de depois.
Porque é preciso mudar pra melhorar.
E dessa vez sou eu só comigo mesma.
E não posso mais sentar no colo dele e chorar toda dor.
Sinto falta e sinto medo.
Mas consigo, que eu sei.

Minha ex-casa agora tem cortinas laranja.

Nos últimos dias, vertigem.

Tão pra dentro, que às vezes acho que me perdi por lá.
Aceito bússolas e mapas.
Ela prometeu desenhar uma rosa dos ventos e eu espero.
Talvez, enfeite a minha pele um dia.
Talvez.
Porque não tenho mais certezas.
Conto nos dedos as que guardo comigo.
Não é tristeza, entendam.
É mais um ficar encostada ali no canto.
Parada. Pensando.
Só que sou pessoa de movimento e essa espera me consome.
Porque nem é espera.
É alguma outra coisa que não se nomeia.
Nada se nomeia por esses dias.
Tudo está, nada é.

Exausta.
Mas, vai ficar tudo bem.

terça-feira, agosto 07, 2007

Amuada

Há alguns dias já. Não é coisa de toda hora, mas é um aperto aqui dentro, mesmo quando tá tudo bem, mesmo nos momentos de amor e euforia. E eu queria te dizer isso. Mas, não posso. Porque tu vai me dizer que não precisa ficar triste. Como se fosse coisa de precisar, sabe? É não é. E eu até podia enumerar motivos, mas quero não. Tô cansada e não adianta. O exame que mais me preocupava, deu ok e senti um alívio maior do mundo. Liguei pra tu assim que soube, mas não consegui te falar. É ruim quando não consigo te falar. E as impossibilidades vão além das práticas. Aí, eu deixo pra lá. Tenho deixado muito pra lá, muitas vezes. E tu nem adivinha. Eu queria que tu me adivinhasse. Eu queria tanta, tanta coisa. Eu queria não ter que ir na médica hoje, nem ter uma razão a mais pra me preocupar. Penso que vai ficar tudo bem. De verdade. E vou fazer o que for preciso, seja lá o que for. Porque é assim que tem que ser. É assim que acho que tem que ser. Embora, eu saiba que não sei mais é de nada. E me espanta ver tanta gente tão cheia de certeza de tudo. Por enquanto, vou sorrindo assim como se nada. Mas, tô meio quebrada por dentro. Me consertando um pouquinho todo dia e me arrebentando outro tanto ali na frente. É da vida.

sexta-feira, agosto 03, 2007

O fato é que

A vida é uma gambiarra.

Dos segredos.

Ela não precisava ser salva. Mas, se ele tentasse, ela ia gostar.

terça-feira, julho 31, 2007

Amanhecendo.

Passou minutos intermináveis observando o movimento dos olhos dela, que dormia. Se perguntou como conseguia se entregar tão profundamente ao sono. Ficar ali, totalmente vulnerável. Tentou imaginar com o quê ela sonhava, enquanto seguia com o indicador o caminho da sua sobrancelha esquerda. Sorriu. De ternura. Quis trazer o corpo dela pra mais perto do seu, quis trazer a vida dela mais perto pra sua. E ficou assim, paralisado de encantamento até o dia amanhecer e enfeitar os cabelos dela com raios de sol.

quinta-feira, julho 26, 2007

Eu gosto de fuirulas.

E ando sentindo falta de rompantes românticos.

quarta-feira, julho 25, 2007

Das fragilidades

Mais uma vez, sinto aquela mão gelada me apertar o peito.
E é sempre como naquele 7 de setembro, mesmo 13 anos depois.
O caminho pro consultório que não vi, a conversa deles que não ouvi.
O frio na barriga, o coração acelerado, o cheiro de hospital.
As palavras que mudam uma vida inteira.
O susto, a raiva, a impotência.
Uma tristeza tão tão tão interna, que fica impossível compartilhar.
É como se doesse lá na alma.
E penso que a gente é tão sozinho nessas horas, né?
Porque é você - e só você - que deita a cabeça no travesseiro com um medo filho da puta e reza pra que MAIS UMA VEZ fique tudo bem.
Há de.

sexta-feira, julho 13, 2007

Vou-me embora pra Pasárgada.

Lá sou amiga do rei,
que é o homem que eu quero.

Das coisas que não mudam.

Continuo apertando o 6 quando entro no elevador, mesmo morando em outro andar, de outro apartamento, num outro bairro.
Fiquei um pouco lá, vocês sabem.
Ou muito, conforme o dia.
Ele nunca tinha visto figuras tão vorazes quando as que ela desenhava em seu corpo. Não conhecia a volúpia de unhas e dentes cravados na pele, que confessava os segredos mais íntimos. Os olhos turvavam e se perdiam em algum ponto no infinito. O pensamento desvanecia, feito nuvem ao sabor do vento. Ela passeava com a ponta dos dedos em seus ombros, seus braços, seu peito e cada arrepio era recebido como um agradecimento. Ela sorria e falava de amor numa língua inventada antes da palavra. Ele entendia.

quarta-feira, julho 11, 2007

Prestenção.

Não é que eu não goste de tu. Falar em afeto ou na falta de, seria simplificar demais as coisas. É mais profundo e é inevitável. Mas, isso não quer dizer que não pense tu ou não me preocupe. Penteei teus cabelos, lembra? E isso pra mim tem significado. Tudo pra mim tem significado. O que é muito cansativo, na verdade. Mas, isso tu já sabe. Sabe até melhor do que eu. Aliás, tem um monte de coisa que tu sabe melhor do que eu, mas que insisto em explicar. Feito isso. Isso que não se nomeia, porque não existe palavra para.

terça-feira, julho 10, 2007

Aurora de todas as horas

Aurora do dia.Aurora da noite. Aurora até ao entardecer. Quando o céu fica cor de rosa e o sol vai embora. Sol, que mora do outro lado da Aurora. Passando pela Santa Isabel ou pela Duarte Coelho. Porque a Aurora é assim, cheia de histórias. Dessas que ficam marcados nas ruas e nos rostos. Aurora de tempos áureos. De antigos casarios. De passado, de lembranças. Onde o velho se transforma em novo. Despistando a morte e o esquecimento. Renascendo na arte, Aurora da Criação. Que transforma monumento em libertação. Que grita em silêncio. E clama contra a injustiça, a dor e o sofrimento. Aurora da vida. Vida que corre em suas portas e janelas de todas as cores. Pelas calçadas e pelas pontes. As três pontes da Aurora, braços sobre o Capibaribe. Aurora que tenta alcançar o mar. Mas, o mar da Aurora é de gente. Um mar que passa e não pára. O dia todo, todos os dias. E quando o silêncio toma conta da Aurora, a cidade dorme até que outra aurora possa chegar e despertar.

domingo, julho 08, 2007

Verdenovo

Ontem, quando tava indo pro centro, reparei que o Capibaribe tava verde. Mas, de um verde assim novo pra mim. Bonito que só. Chega acendia contra o fundo cinza do dia nublado. Aí, pensei que se ele tivesse comigo, ia dizer que era o filtro da janela e acabar com o meu espanto. Achei graça e senti saudade e amor. Tudo muito. E quis comprar um óculos pra ele poder ver tudo com mais amarelos e vermelhos, feito eu, quando passeio lá pelas Fortalezas. Na volta, o verde do Capibaribe continuava lá. Abri a janela e não mudou. Olhaí! Era de verdade mermo.

terça-feira, julho 03, 2007

Tanta falta.

- Tás chegando?
- Não.
- Tu chega o mais rápido que puder?
- Chego.

E chega. Me encontra no quarto. Agarrada com o travesseiro. Acha graça e me abraça. Choro tudo outra vez. Agora, protegida pelo olhar dele que não desvia do meu. Ouve palavrões e lamentações em silêncio. Não me julga ou me entende profundamente, não sei. Diz que tá do meu lado, seja lá pro que for. Me apóia e pronto. Assim, incondicionalmente, como deve ser. Aí, eu canso. Porque cansa doer. Deito e fico bem quietinha. Sinto ondas de ternura, dessas que acalmam o pensamento e o coração. Quando um quase sorriso brinca no meu rosto, ele apaga a luz e eu durmo. Em paz.

segunda-feira, julho 02, 2007

Aí, o pai dele disse assim:

- Eu tinha me esquecido de Recife. Mas, quando venho pra cá tenho que ouvir o hino do Ceará todo dia de manhã.
- Pra não se atrapalhar?
- Pra não me apaixonar.

Eu mostrava a cidade a eles, eles se mostravam a mim.

Assim, sem querer. Porque era outro lugar, outra realidade, outra rotina. Acho que a gente sempre se expõe mais nas horas de susto e surpresa. E eu ficava prestando atenção. Porque tenho aprendido a prestar atenção, sabe? Com ele, por dele, que tem tanto dos dois. E é um contentamento tão grande descobrir essas coisinhas, que de tão pequenas e delicadas, quase não se percebe. Há meses atrás, eu não perceberia. Há meses atrás, eu era outra pessoa.

sexta-feira, junho 29, 2007

Queria ter uma luminária no meu quarto.

Ou um acendedor/apagador de luz bem na cabeceira da minha cama, feito a minha mãe. Acho tão genial essa invenção. Mais incrível ainda é que na cozinha da casa dela, que é minha casa provisoriamente, você entra e acende a luz do lado de cá, sai e apaga a luz do lado de lá. É claro que eu faço isso muitas vezes. Só porque acho feliz. Mas, retomando o pensamento, se tivesse uma luminária ou um acendedor/apagador de luz na cabeceira da minha cama, ia poder ficar lendo até começar a embaralhar as letras ou confundir os meus sonhos com escritos dos outros. Como não tenho, quando acho que já tô com bem muito sono, páro, levanto e vou lá apagar a luz. Acontece que às vezes me engano. E o sono nem é assim tão grande. Volto pra cama e o pensamento não me deixa dormir nem a pau. É o que geralmente acontece. O jeito é levantar de novo e acender a luz, porque no escuro os pensamentos proliferam em maior velocidade. E de luz acesa, não durmo. Acho que é por isso que lá na outra casa, que era minha, só conseguia dormir quando ouvia o barulhinho de chave na porta e sabia que não tava mais sozinha. Aí, apagava todas as luzes e aquietava o coração. Sono sem sonhos, nem sobressaltos. Sinto falta disso. Sinto falta de um monte de coisas. Puxa vida... Passei horas e horas pensando nisso ontem antes de dormir. Na luminária, no acendedor/apagador de luz, no claro, no escuro, no que não quero mais, no que quero pra sempre, no que preciso de novo. Isso entre uma página e outra de um livro desses de medo, que eu gosto, sabe?

quarta-feira, junho 27, 2007

Das coisas que levo comigo.

6 fotos 3 x 4. Sendo: três de uma pessoa, duas de outra e a sexta de uma terceira pessoa. Uma foto em preto e branco do meu pai muito pequeno, em Arcoverde. Outra, de Camila em Bogotá, com farda quentinha de escola em cidade fria. Três bilhetes. Um deles, escrito no guardanapo durante um vôo do Rio de Janeiro pra Brasília no dia do meu aniversário. O credo digitado por ela, quando descobriu que eu não sabia rezar. A oração e a imagem de São Jorge, guardada em papel de presente. Dois adesivinhos daquelas máquinas do Playstation, com sorrisos felizes, que já estão desbotando de tão antigos.

“Eu entendo. Mas, não aceito”.

Ouvi isso assim, em plena noite de Natal. E foi um golpe certeiro bem no peito. O corpo gelou no segundo seguinte. Pensei que vinha uma explicação depois da frase, mas foi só silêncio. Fechei os olhos. Senti meu coração batendo como se fosse explodir e a respiração dele do lado de lá, serena. Nesse momento, soube que ele não ia mudar de idéia. Já tinha me dado todas as chances. Mas, eu sempre esperei que pudesse haver mais uma ali na frente (a gente sempre espera, né?). Enquanto tentava ganhar tempo e decidir o que queria pra mim. Sem imaginar que ele ia decidir antes, o que NÃO queria pra ele.

Não sei porquê lembrei disso hoje. Deve ser a chuva ou esse clima de nostalgia de quarta-feira à tarde. Deve ser porque, nesse exato momento, entendo, mas não aceito um bocado de coisas. A diferença é que não tenho a menor idéia do que fazer a respeito. Na verdade, acho que não posso fazer coisa alguma. Na verdade, SEI que não posso fazer coisa alguma.

Queria ir pra casa. Queria deitar na minha cama e ficar lá. Queria ouvir aquela música feliz no meu celular e esquecer dessa vida de agora, por dois ou três minutos.

segunda-feira, junho 25, 2007

Falta

Sinto falta do cheiro dele.
Respiro ali onde termina a testa e começa o cabelo (podia chamar de têmpora, mas acho essa palavra descombinada do significado) e meu coração fica quietinho, quentinho.
Se fechar os olhos, posso até imaginar.
Mas, gosto de fantasionices pr´essas coisas não.
Ando com muita vontade de realidade e a realidade com ele é doce e macia.
Menos quando ele fica abusado.
Porque aí tenho vontade de morder a barriga dele.
Sou pessoa de passionalidades.
Ele acha graça.
Até agora.

quinta-feira, junho 21, 2007

Da pressa.

Eu tô correndo muito muito porque quero chegar lá amanhã cedo, porque eu sempre quero chegar lá o quanto antes. É uma urgência, sabe? Ando percebendo que quase tudo é. Quase tudo que a gente quer assim de todo coração, alma e pensamento. Feito ele. Feito ficar ali aconchegada no abraço dele. Vezenquando, eu me atrapalho. Posso dizer até que me complico. Mas, tô aprendendo a respirar e desanuviar. É preciso desanuviar, minha gente. Fechar os olhos, encher o peito de ar e expirar todas as coisas chatas e doídas e tristes pra fora e pra longe. Geralmente, são coisinhas, besteirinhas, bichinhos que ficam ali mordendo o juízo da gente até doer. Ô agonia. Meu desejo é matar todos os bichinhos. To-dos. Mas, eles procriam que é uma beleza. Desocupados, né? Só o que podem fazer é se multiplicar infinitamente. Só o que a gente pode fazer é abstrair infinitamente. E correr muito muito pra chegar lá amanhã cedo.

A impressão que eu tenho é de que a gente não sabe pra onde tá indo.

Escolhe uma fé: em Deus, no Amor, na Arte, no Dinheiro, na Família... E vai. Sem ter a menor idéia do caminho certo. Sem nem saber se existe um caminho certo. A gente tá perdido. E esse não é um pensamento triste ou pessimista. É só uma constatação. Sinto que a gente tá sempre tentando encontrar um não sei o quê, que sempre falta. E quando encontra esse não sei o quê que tava faltando, começa a procurar uma outra coisa. E é esse desejo que movimenta o mundo. A gente é feito de um monte de vazios que precisam ser ocupados pra que outros vazios possam surgir.

quinta-feira, junho 07, 2007

Das distâncias.

Acho que o edredom azul, mesmo com aquelas flores coloridas, se sente muito solitário longe da cama branca, que seria seu par por dias e noites, mas que acabou nunca conhecendo.

A curiosidade dela parecia fome.

A curiosidade dela parecia fome. Fazia doer o estômago e atormentava o juízo. Por isso, gostava tanto de deitar a cabeça no colo dele e ouvir teorias mais infundadas. Se alimentava das palavras e do silêncio entre elas. Às vezes se distraia com uma idéia, que invadia o pensamento e levava a atenção pra outras bandas. Então, ele se calava. Ficava admirando os olhos dela, perdidos em mares por ele nunca navegados. Será que um dia chegaria lá? Será que alcançaria o centro daquele universo? Temendo que não, beijava a boca entreaberta da menina que borboleteava sem tocar o que havia de mais profundo dentro de si mesma. Ela ria e inspirava o ar do momento. Não queria se perder do presente, mas cansava, facilmente, de tanta realidade.

sexta-feira, junho 01, 2007

856 passos.

Contados. Dou voltas em meu próprio eixo. Multiplico pensamentos, entre quatro paredes. Volume ao máximo e todas as músicas gritam o seu nome. Os meus CD´s não são mais possíveis, nem os meus livros, nem os meus filmes, nem os meus dias. Tudo é tão cheio da sua presença, que não sobra mais nada. Só um vazio tão profundo, que podia cair eternamente, sem chegar nunca a lugar nenhum.

quarta-feira, maio 30, 2007

...

Afunda os pés no tapete. Branco. Olha as unhas pintadas de vermelho. Carmim. Algodão numa mão, acetona na outra. Inspira. E tosse. O reflexo no espelho acha graça até que se parte num estrondo. Nem toda acetona derramada no corpo estilhaçado é capaz de limpar a sujeira. Do mundo. Que só é azul visto assim. De longe. Bem. De longe.

quinta-feira, maio 10, 2007

No presente.

A onda vem e molha os pés, numa espécie de beijo. Morno e salgado. A onda vai e enterrava os pés, como quem diz não vai embora. Amarras delicadas e permitidas. Porque basta um movimento sutil pra acabar com a brincadeira.
Quando o ciúme vem de dentro da gente é bichinho que rói rói rói.
Quando o ciúme vem de fora da gente é bichinho que faz rir rir rir.

quarta-feira, maio 09, 2007

Das histórias

Os olhos dele chamam os dela pra dançar. Num ritmo lento, profundo e desconhecido. O coração descompassa e ela rodopia entre um suspiro e outro. Ensaia uma aproximação, mas a música acaba antes mesmo de começar.

terça-feira, maio 08, 2007

Antes

Os olhos dele chamam os dela pra dançar. Num ritmo lento, profundo e desconhecido. O coração descompassa e ela rodopia entre um suspiro e outro. Ensaia uma aproximação, mas a música acaba antes mesmo de começar.

segunda-feira, abril 30, 2007

Melhor de três

1. Eu não sei lidar com as pessoas.
2. As pessoas não sabem lidar comigo.
3. Eu não sei lidar com as pessoas e as pessoas não sabem lidar comingo.

sexta-feira, abril 27, 2007

Aí, hoje, ele falou sério comigo.

Como há tempos. Como já não lembrava mais. Perguntou dessa dor. De onde vinha e porque era assim tão grande. Eu não soube responder. Eu não tinha sequer pensado nisso. Sentia e pronto. Isso bastava. Aí, ele achou graça. Quis saber da minha alegria, por onde andava. Da força, da vida, da energia pra seguir o caminho que escolhi pra ser feliz. "Por que é isso, né? Ainda é isso que você quer? Ainda é isso que te move?" Apontando pro norte, que eu já tinha perdido de vista. Entulhando pensamentos e sentimentos desnecessários. Dia após dia, dia após dia. Incansavelmente. Ainda bem que ele percebeu a tempo e segurou a minha mão, porque meus pés tinham pressa em seguir, mesmo sem saber pra onde. Preciso desacelerar essa urgência. De verdade. Ainda não sei como.

Das despedidas.

E foi uma madrugada inteira de uma angústia tão, mas tão grande. Falando com ele, sem poder abraçar e dizer que vai ficar tudo bem. Porque vai ficar tudo bem. Mas demora e não é agora. Agora é tempo de morar no limbo, esperando que os dias voltem ao ritmo normal. Pensando em como é que é possível os dias voltarem ao ritmo normal. É esquisito, sabe? Isso do mundo continuar girando, das pessoas continuarem vivendo, dos dias continuarem anoitecendo, como se nada tivesse acontecido. Porque dentro da gente muda tudo, sempre muda tudo. E é preciso se re-construir sobre outros alicerces. Os dois pés bem firmes no chão e a consciência das limitações todas. E é justamente nesse momento, o mais improvável, que mais se precisa de força e fé.

(Eu não sei como a gente consegue, lindo. Mas, sei que consegue)

quinta-feira, abril 26, 2007

Das descobertas

Vezenquando, os olhos dele abandonam a ternura de sempre. São como mar quebrando nas pedras. Destemidos, desafiadores. Nessas horas, eu mergulho e me afogo. Sorrindo, em dia de vento frio e chuva fina.

segunda-feira, abril 23, 2007

Noite quase dia quase noite

Eu queria me deitar contigo naquele mar de nuvem e ficar reparando o céu mudar de cor. Vermelho, laranja e amarelo. Quando chegasse o azul, a gente levantava e ia acender o dia.

quinta-feira, abril 19, 2007

O maior problema de ser uma menina na bolha

É nunca ter um alfinete à mão. Nun-ca.

segunda-feira, abril 16, 2007

Sábado.

Aí, a gente foi pra praia mais bonita. Aquela da casa branca com janelas vermelhas na beirinha do mar, que não existe mais. A casa, porque o mar é pra sempre. E é bonito que só. E ele queria menos barulho pra ouvir as ondas e menos luzes pra ver as estrelas. Mas, mesmo assim. Sonho de rede e labrador no terraço, caminhada no que era quase a lua, pescador disfarçado de boi-tatá, escorregão nas pedras e machucado no joelho, sorvete de nata-goiaba e café. Riso fácil e a vida como deve ser.

quinta-feira, março 29, 2007

Quarta-feira

E o que se chamava cidade era só um amontoado de avenidas, pontes, luzes e gente. Eu, na janela, sentindo o vento no cabelo e aquele cheiro que é uma mistura de sujeira, cerveja e cigarro. Deu foi saudades de andar de mãos dadas com ele que me apresentou as ruas de um Recife desconhecido. Naqueles dias em que me deixei levar, tropeçando aqui e ali e reclamando enquanto ria: "dá pra andar mais devagar?". Dias que se tornaram meses que se tornaram anos até que a gente aprendeu a caminhar no mesmo ritmo. Só que aí, já era hora de ir embora.

segunda-feira, março 19, 2007

Eita

Choro. Páro de chorar. Telefono. Mando mensagem. Peço. Dou. Fico bem de novo. Me distraio com as coisas práticas. Escrevo. Por amor e por ofício. Acho graça nas conversas. Participo. Lembro da alegria de antes. Penso nas possibilidades futuras. Coração sossega pra depois ficar apertado outra vez. Fico pra dentro. Minha cabeça dói. Um pouquinho só. A rotina se perde e isso dá medo. Medonho. É movimento da vida. E eu sigo.

domingo, março 18, 2007

Hoje

Eu queria era dormir vendo a parede que ele me deu, a janela de corações, a estante vermelha e o Versatile novinho em folha.

sábado, março 17, 2007

Aprendizado

Eu queria saber como é que se guarda alguém pra sempre, sem o fio que amarra os dias.

Aprendizado

Eu queria saber como é que se guarda alguém pra sempre, sem o fio que amarra os dias.

quinta-feira, março 15, 2007

Dos desejos

Eu queria que a minha intensidade coubesse no seu abraço.

segunda-feira, março 12, 2007

Chove aqui dentro.

Torrencialmente. Olho pra frente e tudo é uma massa cinza e disforme. Meus pés continuam seu caminho, mais por intuição que por certeza, mais por necessidade que por vontade. Hoje, queria que tudo fosse fácil e reto como antes. Mas, não é. E não é faz tempo. Tenho medo e tenho frio. Tambem tenho dois sóis. Um já vai se pôr e o outro ainda demora a amanhecer. Até lá, as sombras.

quinta-feira, março 08, 2007

Das distâncias

Ontem, ela me disse que doía e eu não pude fazer nada. Hoje, o que eu queria era passar na casa dela só pra entregar a gérbera que ganhei e falar de amor. Numa hora perdida entre o azul do dia e a escuridão da noite. Pentear o cabelo molhado e depois brincar com os cachinhos, que já não são os mesmos que conheci. Contar de mim, dos meus dias e do que tenho aprendido, como se fosse uma espécie de tesouro pra ela guardar. Sim, porque tem tanto de mim nela, que queria cuidar e dizer: "Vai por aqui, que não machuca tanto". Como se fosse possível. Como se fosse provável. Depois, ia ficar em silêncio pra tentar decifrar aqueles olhos antigos. Não ia conseguir porque ela ia acabar fazendo piada do que é sério ou fazendo pouco do que é muito. Menina que é. Aí, ia pedir pra ela ler Miguilim, com voz grave, todas as vírgulas, pontos e reticências, que é coisa bonita que só. A gente ia brincar de dizer verdades e gravar confissões no celular, tirar fotos improváveis e fazer tatuagens de caneta azul. Ia ser preciso ficar bem quietinha pra recuperar o fôlego depois de tanto de rir. Nessa hora, o jeito ia ser apelar pro horóscopo dela, que é meu, fazer café e começar a dançar. Até cansar. Até gastar. Até ela se distrair e dormir. No meu colo, que é onde devia morar.
posted by Briza at 6:18 PM

quarta-feira, março 07, 2007

Das lembranças

Você sabe, vou onde o vento me leva. E o vento me leva, de novo. Depois de tanto tempo parada no mesmo lugar, sinto o movimento. Ainda leve, ainda vago, ainda quase. Mas começa. Beija o rosto, assanha o cabelo, dá calafrio. Frio. Desses, na barriga. Se você segurar a minha mão bem bem forte, talvez ainda possa ficar. E olho de relance pra ver se você tá prestando atenção ou vai me deixar voar. Sinto flutuar e me dou asas.

E foi assim

Porque ela era toda silêncio. Cansada das palavras que estava. Todas. Já tão gastas. E quando ele foi embora, não chorou, não saiu correndo porta afora, nem gritou seu nome bem alto. Ficou ali. Parada. Não sentia nada. E esse vazio preenchia tudo.

(Eu não vi, mas sei que foi assim. Exatamente.)

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

É que hoje.

Eu anoiteci pra ele e a cidade se encheu de luz.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Faz tempo que ensaio uma carta.

Mas, sei que nunca vou terminar, porque nunca vou enviar. Papel e caneta não alcançam. As minhas palavras não encontram abrigo no seu colo e posso dizer que o mesmo acontece do lado de cá. Houve um tempo em que. Houve um tempo. Mas, foi tão pouco e tão raso. Agora, olho e não vejo a promessa de beleza de antes, a promessa de beleza que você fez pra mim. Eu tento. Fecho os olhos e procuro, mas não encontro. Queria te pedir ajuda. De verdade. Não sei porquê, nem pra quê. Recomeço. Dou o primeiro passo. Só não sei se consigo ir além. Por todos os motivos. E lá no fundo, sei que você entende. Assim: exatamente.

28 dias.

.

O período conhecido popularmente como "Inferno Astral" é o mês que antecede o aniversário de alguém. Nesta época, muitas pessoas acreditam viver momentos de angústia, depressão ou até mesmo azar, atribuindo as turbulências a alguma configuração astrológica misteriosa

.


Tal configuração astrológica misteriosa, me fez querer deixar pra traz tudo que dói e pesa aqui dentro. Porque é preciso viver mais leve. Porque é preciso jogar essas pedras fora e continuar o meu caminho. Esse que escolhi, porque escolhi, sabe? Mas, me confundo, me atrapalho. Invento pensamentos e sentimentos. Vejo as idéias orbitando ao meu redor e brinco com todas elas, até cansar ou me machucar. Mas, quero mais não. Acho que tá na hora de limpar essas gavetas e arrumar tudo. Preciso (de verdade) encontra o que procuro e com essa bagunça, não dá. Tudo tem acontecido tão depressa e de forma tão intensa, que penso que vou me perder. Não tenho medo, não é isso. Mas quero sentar aqui e olhar pra onde eu tô indo.

Um segundinho só. Pode ser?

Vai, mas fica.

E eu invento de ser casa, que é pra ele morar e invento de ser mundo, quando ele quer passear.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Dos meus dias.

Acordo de manhã e encho o peito desse ar, que agora é dele. Chego mais perto, me aconchego. Sorrio cheia de sono, preguiça e uma alegria que não dorme, porque não cansa de existir e fazer festa no meu peito. E meus dias começam assim, cheios de sol, mesmo quando chove. Principalmente, quando chove. Feito hoje.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Quase aí.

E eu podia ficar aqui falando de amor, só pra ele saber que hoje o pensamento é um só. É que ainda me assusta a intensidade das coisas, esse amarelo que insiste em dar voltas aqui dentro e fazer do coração montanha russa. É como se fosse sempre a primeira vez. Chegar lá, encontrar o sorriso mais bonito perdido num mar de gente e me aconchegar naquele abraço que já é tão meu. Ai, ais. Empurrando as horas assim com força, pra ver se elas pegam no tranco e aceleram.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Porque eu te amo.

E quando a luz vermelha acender de novo, porque ela sempre acende de novo, vou dizer um sim assim bem alto. Retumbante, que é palavra bonita e que é como deve ser. Um sim pra espantar toda e qualquer dúvida, cientificamente falando. Aí, não vai restar nenhumazinha. Nem aquelas que ficam escondidas embaixo do tapete. É que eu quero fazer da minha vida, tua morada. Pra isso, preciso deixar a casa limpa e linda. Eita, que é coisa trabalhosa e eu nunca gostei de fazer faxina. Mas, por você, mudo tudo, faço diferente e faço de novo e de novo e de novo. Até acertar. Até aprender a ser teu par.

Dança comigo?

Miss on

Eu queria brincar com os cachinhos do teu cabelo e ouvir a tua voz desenhando os dias, os medos e os desejos. Palavras enchendo de cores frias o que é vermelho, laranja e amarelo. Uma certa melancolia a cada gargalhada. A tua alegria triste. Uma falta assim sem jeito. De alguma coisa assim sem nome. Teus olhos antigos, iluminando um rosto de criança. Como se todas as idades da tua alma não coubessem no teu corpo.

domingo, janeiro 28, 2007

É como ela diz: não devia me importar tanto com quem não se importa comigo.
Dos aprendizados pra vida.
Cada um conta a história como lhe convém e cada outro ouve somente o que lhe interessa.
Por isso, nem adianta querer explicar, se a vontade morre ali na porta fechada.
E eu insisto pra quê mesmo?
Por que a gente não consegue perceber as coisas exatamente como são, sem toda essa sorte de sentimentos flutuando ao redor da realidade?
Depois das confusões de antes, a conclusão:
É preciso muita dúvida pra construir uma certeza.
A gente precisava saber se o sonho ia caber na realidade.
Coube.
E eu tô feliz que só, ó.

sábado, janeiro 20, 2007

Eu não sei se gosto de você.

Nunca soube. Havia a intuição, mas sentimento precisa aflorar e ser mais que idéia. Acho que faltou tempo, faltou maturar. Foi tanta coisa acontecendo aqui dentro, que não deu pra prestar atenção. Pelo menos, não a merecida. Aí, tudo se atrapalhou, se confundiu. Penso que pra gente se enxergar, sem exageros, sem excessos, nem medos, ia preciso fechar os olhos prum monte de coisas. Não consegui, não sei se conseguirei um dia, nem sei se isso importa. Chega a ser engraçado, como tudo foi tão superficial e, ao mesmo tempo, trouxe mudanças tão profundas. Quando lembro daqueles dias, sinto alegria, agonia, alvoroço. Foi assim e foi inesperado. O que se seguiu, mais assustador ainda, pela velocidade. Parece que só agora consegui aquietar o coração e pensar com mais clareza. Mas, continuo sem saber se gosto de você. E não entendo porque essa dúvida tem passeado pelos meus dias.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Acaso

Ele desceu as escadas correndo, mas foi o meu coração que acelerou. E eu, que nem tinha ido lá pra encontrá-lo, me perdi. Ali, entre olhos e sorrisos. Os mais bonitos.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Dos desencontros

Ela vê o bloco passar. Ele esbarra nela. Ela distraída com confetes e serpentinas. Ele só tem olhos pra ela. Ela com pensamento longe. Ele ali tão perto. Ela não percebe. Ele segue a troça. Ela sonha com amores de Carnaval. Ele vive a fantasia.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Foi esquisito estar lá.

Pelos motivos todos. Porque não era preu estar. Não naqueles dias, nem daquele jeito. Eu pra dentro, tendo que olhar pra fora. Aí, deu saudade de casa e vontade de colo conhecido. Uma estranheza medonha. Porque o novo sempre provoca uma estranheza medonha. Mesmo quando é desejado. Aí, foi preciso deitar na rede, acalmar o pensamento e mandar os medos embora. Das tarefas difíceis quando se acostuma a viver na bolha. O jeito foi andar na ponta dos pés. Mas, andei.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Precisa ter essa alegria de vida.

Essa gastura. Essa falta de ar. Precisa gostar da decolagem e da descida da montanha russa. Precisa gritar bem alto pra espantar o frio na barriga. Precisa achar graça, achar bonito, achar sem procurar. Precisa saber acelerar. Precisa tirar os pés do chão. Precisa se deixar levar. Eu já fui e a porta continua aberta.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Da vertigem.

E tem esse desenho bonito que você fez na minha mão, mas que eu olho tanto e tão de perto e sem piscar, que a vista cansa e embaralha tudo.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Eu podia dizer que é amor.

E é amor. Mas é mais. É um desmantelo. Um sentimento assim que não cabe nas palavras porque não é pertence à categoria das coisas nomeáveis. É da classe do que faz o coração acelerar, o sorriso escapulir e o olho brilhar. E nem todos os escritos, nem todas as músicas, nem todos os traços, nem todas as cores conseguem abarcar. É felicidade de vento no rosto e barulho de mar. É mão desenhando desejos na pele. É chá pra dor de estômago. É choro em véspera de ano novo. É gargalhada que não sabe a hora de parar. É música dançando na voz preferida. É uma cidade inteira derretendo dentro de um abraço. É, acho que é isso.