terça-feira, setembro 04, 2007

Do que nunca muda.

E ela também tinha cachos no cabelo e um ar de vocêpramiméinsignificante. Caminhava em minha direção e o meu coração tiquetaqueava no mesmo ritmo. Era mais velha, mais baixa e mais gorda, que aquela outra menina. E eu não sentia amor por ela. Mas, me assustei ao perceber aquele mesmo olhar de dois anos atrás, preso no rosto de uma outra pessoa. Parecia roubado. Encenado. E nem era. Porque é dessas coisas involuntárias. Fico imaginando se ela se deu conta de que era tão óbvia a confusão de sentimentos por trás do sorriso indiferente. Porque me irrita saber que os meus pensamentos desfilam livres enquanto tento guardá-los desesperadamente só pra mim. Numa caixa, numa bolha, atrás da pele. Senti pena. Quis dizer que não precisava. Porque queria muito que alguém tivesse me dito que não precisava. Mas, ia parecer provocação. E eu não quero ser aquela pessoa que espeta alfinetes em seu coração. Nem no dela. Nem no de ninguém mais. Porque sei o quanto pode doer. Fingi que nem percebi todo aquele baile de máscaras. E também devo ter dançado a noite inteira com a minha.

(Foi isso e só. Nem mais. Nem menos)