quarta-feira, junho 29, 2005

Imagem e semelhança

Quase consigo ver a menina (e me ver na menina) escolhendo as palavras mais bonitas. Tentando reunir toda sorte de lembranças e desejos num só parágrafo. Como se sentimentos tão intensos, pudessem se aquietar, ficar em silêncio e se transformar no desenho dessa mariposa que resolveu pousar bem no céu do jogo da amerelinha.

segunda-feira, junho 27, 2005

Presença

Acordei e você tava aqui. Na minha cama. Na minha casa. Ficou me olhando, enquanto eu tomava banho, trocava de roupa, tomava café e saia apressada. Depois, apareceu bem na hora da reunião. Como é que não percebi quando você entrou? Como é que as pessoas continuaram agindo normalmente com alguém estranho por perto? Ninguém fez nada, ninguém disse nada. Nem nessa hora, nem quando você surgiu no meio de um anúncio que o chefe cobrava aos berros. Eu tentei disfarçar. Juro que tentei. Escondi você no meio das minhas palavras. Mas, você escapou e invadiu os e-mails que escrevi, os recados que deixei, os telefonemas que fiz. Assustada, voltei pra casa. E foi você quem abriu a porta. Assim, como as janelas. Todas. Passeou pela noite. Rabiscou seu nome no meu livro de cabeceira. Sem saída, murmurei um samba como se fosse uma prece e, de olhos fechados, vi você dançar.

quinta-feira, junho 23, 2005

Porque ele é o cara com quem um dia eu casei.

Ele é como o sol, num céu azul sem nuvem. É a minha família fora de casa. É a minha casa. É pra onde volto. É meu porto seguro, meu abrigo, meu alento. Ele faz meus problemas parecerem menores e as minhas alegrias, maiores. Me conhece frente e verso. Me reconhece até pelo avesso. Me dá colo quando preciso chorar e, depois, me faz rir de mim mesma. Acha graça das minhas crises existenciais e dos meus problemas sem solução. Me faz perceber o encanto das coisas mais simples e me mostra o tempo todo como a vida pode ser bonita. Me dá corda, me dá asas, mas segura a minha mão pra eu não tropeçar. É que ele é assim, o meu anjo da guarda, que me proteje de todo mal, amém.

Feliz aniversário, Tutu.

terça-feira, junho 14, 2005

Uptown Girls

Porque muito antes de Clementine, ela já tinha cabelo azul. Ela era azul. Azul não. Toda colorida. Colorida e cheia de penduricalhos. Como a nossa casa no Mexico. A casa que a gente ia ter, com paredes cheias de fotografias, desenhos e poesias. Dela. Eu ia precisar fugir de lá de vez em quando. Como precisei fugir dela de vez em quando. Como ela precisou fugir de mim de vez em quando. Eu tinha a cabana. Ela a caixa. E a gente costumava escapar uma da outra. Porque a proximidade era tanta que às vezes dava vertigem e tudo que a gente queria era sair correndo pra bem longe. Outras vezes, ela me abraçava pra nunca mais e eu começava e terminava no espaço dos seus braços. E ela dizia que eu era dela e eu sabia que ela era minha. Eu e ela. Duas. Muitas. Uma.

quarta-feira, junho 08, 2005

Desejo

E quando você vier, vou pintar a casa de azul e desenhar borboletas de todas as cores pra dar asas aos seus sonhos. Quando você vier, vai ter samba e amor até mais tarde e muito sono de manhã. A gente vai morrer de preguiça e se esconder do tempo embaixo das cobertas, enquanto a vida corre apressada lá fora. Quando o barulho da rua falar mais alto que o silêncio do quarto, a gente troca a cama quente por um banho gelado e vai tomar café na padaria: “Pão manteiga, moço”, porque você diz que assim é mais bonito e eu acredito.

Ontem

E nem a chuva que caia assustadoramente, foi capaz de me deixar melancólica. Porque depois de um dia inteiro de espera e angústia, você apareceu. E cada vez que você sorria, uma porção de vaga-lumes invadia a minha alma e iluminava tudo aqui dentro.

terça-feira, junho 07, 2005

Vazio

É muito, muito ruim quando só consigo encontrar você aqui dentro.