quarta-feira, agosto 10, 2005

Aí, ele me perguntou se tinha lido o blog hoje...

"Ela sentia o cheiro do mar. Sempre. Nasceu no extremo alto do país, na varanda de uma casa em frente à praia. A casa era branca, a areia também. Ela levou isso consigo a vida inteira. O Sol refletia nos seus olhos, o que lhe dava uma cara de eterna apaixonada, suas ações não conseguiam desmentir essa impressão. Falava baixo, mas escrevia de forma gritante, suspiros longos entrecortados com risadinhas abafadas era o mais comum no dialogo. Quando saiu de perto do mar, afinal sempre fora junto com o destino, ou vento, sempre era levada para onde quisessem leva-la. Tinha opinião sim, mas as pessoas não conseguiam enxergar. Quando chegou na casa nova ficou perdida, não conseguia sair do quarto, faltava algo muito importante. Faltava aquilo que sempre a guiava. Sempre fora obediente aos seus instintos e se baseava nos sentidos para poder viver. Foi tolhida. Faltava o que a sustentava nas andanças pela cidade, nos corredores do cinema, na grama das praças, faltava um cheiro e uma sensação de segurança que teve desde o primeiro contato que teve fora da sua mãe. Faltava a brisa."

Ronaldo Ventura